Coluna do Dudu - Filhos da Esperança
Assisti a um filme essa semana e achei interessante fazer
um post sobre ele, não é nenhum superlançamento tão pouco foi premiado no Oscar,
o que chega a ser uma injustiça, pois o
filme tem um ótimo roteiro.
O
filme em questão é Filhos da Esperança de 2006 estrelado por Clive Owen.
Num futuro não tão distante, em 2027 pra ser exato a Grã-Bretanha é a maior potencia global,
depois de diversas catástrofes o mundo encontra-se caótico, o ser humano perdeu a capacidade de
reproduzir-se.
O
governo impõe um forte regime de repressão a imigrantes, muçulmanos e a
qualquer pessoa que se levante contra ele. Fora todo esse
clima de animosidade, a pessoa mais
jovem do mundo Baby Diego de 18 anos acaba de falecer, o que leva as pessoas refletirem
sobre a extinção da raça humana.
Theodore
Faron (Owen) é um ex-ativista desiludido que se torna um burocrata,
mais por comodidade do que opção e não esta nem aí para a morte de Diego, mas
usa esse pretexto para tirar um dia de folga, podemos perceber que Theo tem a típica alma de herói solitário e com
um passado que o atormenta internamente.
Procurado
por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore), líder de um grupo revolucionário
intitulado os Peixes, Theo recebe a proposta de conseguir
documentos de liberação ele e a jovem Kee, sem saber o porquê ele aceita, bem mais por
dinheiro é verdade.
O filme ganha uma roupagem mais dramática e com ação daí pra frente,
isso ocorre devido a embosca que Theo, Julian e Kee, enfrentam no caminho. Num determinado trecho estão no carro
quando são atacados por inúmeros rebeldes, este é um dos momentos mais marcantes do longa.
Não vou entrar em detalhes de acontecimentos do filme, senão perde a
graça vocês assistirem, mas é importante
saber o porquê da jornada de Theo, o que essa jovem tem de especial que vale
tanto para os rebeldes?
A
importância de Kee é simplesmente revelada após a emboscada, quando Theo
descobre que ela está grávida, e isso implica em muitas coisas, vemos que o personagem
de Owen se transmuta. Ele passa a se
importar com Kee e a protegê-la a qualquer custo.
Próximo
ao fim do filme uma cena realmente fantástica, no meio de um tiroteio entre
revolucionários e soldados do exercito, o Bebê começa a chorar de forma aguda,
as pessoas que estão em volta começam a ajoelhar e por poucos momentos esquecem
o que tem umas contra as outras, suas diferenças e seus interesses. É uma cena
que comove e arrepia.
A parte
técnica é impecável, os já famosos planos sequência (sem cortes) são utilizados
durante o filme todo em maior ou menor importância, mas no
terço final quando a ação começa a tomar conta, somos brindados com alguns
planos de cair o queixo, realizados não apenas como uma demonstração de
virtuosismo técnico, mas ao escolher o
recurso, Cuarón consegue intensificar os momentos mais significativos
tornando-os realmente impactantes, um trabalho de mestre na direção.
Apesar de
todo o clima opressivo o filme possui vários toques de humor, o que deixará
alguns espectadores confusos quanto ao tom que o filme tenta atingir, mas que
se revela absolutamente necessário para tornar a história mais humana e
aproximá-la do público. Afinal, é de a
nossa natureza ver o lado cômico de qualquer situação, por mais desesperada que
ela possa parecer.
O título
em português foi feliz (um caso raro) já que a esperança é o que move os
personagens.
Por fim
recomendo com louvor esse belíssimo filme, e destaco a ótima atuação de Clive
Owen.