Crítica - Somos Tão Jovens
Somos
Tão Jovens estreou com força total no ultimo fim de semana, e levou mais ou
menos 500 mil telespectadores ao cinema, para conferir a cinebiografia de
Renato Russo.
Tem
algumas coisas na vida que me deixam frustrado, uma delas é não ter vivenciado
o período de ascensão do Rock nacional, com Cazuza, Renato Russo entre outros
nomes fortes. Nasci no final dos anos 80 e por conta disso não aproveitei essa
geração que surgiu.
Algo
que me deixou ansioso por assistir ao filme “Somos Tão Jovens”, que retrata este período de revolução musical
(assim podemos dizer), do rock nacional.
O
filme conta a trajetória de Renato Manfredini Junior, conhecido popularmente
como Renato Russo, Nada de tristeza ou morte neste filme. Se você pensa que a
história chegará à descoberta da doença que tirou a vida do ídolo, esqueça.
Adolescente
de Brasília, Renato nunca foi lá muito “normal", a começar por uma doença
óssea que, durante o tratamento, o fez se aproximar e se encantar pelo som do
punky rock que acontecia na Europa e nos EUA. Apaixonado por música, não
demorou muito para que ele levasse suas influências aos amigos e, juntos,
formassem o Aborto Elétrico, no que seria um "ensaio" para a Legião
que surgiria tempos depois.
Thiago
Mendonça interpreta, ou melhor, encarna Renato Russo. O rapaz fica tão parecido
com o cantor que até seu jeito de falar, dançar e se expressar te leva para um
universo real, onde parece estar vendo o próprio Renato a contar sua
biografia.
O
filme apresenta um Brasil do final dos anos 70 e início de 80, onde cada
detalhe te leva para as décadas citadas. Em épocas onde a ditadura ainda
comandava o país, Renato transpassava sua revolta pela injustiça em forma de
músicas.
Outro
destaque é Laia Zaid, como Aninha, amiga de Renato. A boa química entre os
atores transborda na tela e a amizade retratada é daquelas que te faz sorrir,
principalmente por ser tão desinteressada. Quem teve um(a) melhor amigo(a)
entenderá a intimidade e o carinho de ambos, inclusive suas crises e brigas.
O
filme ficou muito realista, podendo até se dizer que foi aquilo mesmo o que
aconteceu do jeitinho em que está sendo mostrado. Nada de colocá-lo como um ser
perfeito, ou um ser anarquista aos extremos, e sim como era o íntimo de uma
pessoa que filosofava com os próprios questionamentos, um adolescente que
queria o sucesso e tinha problemas com relacionamentos, mas que conseguiu
deixar sua mensagem através de suas letras.
Somos
tão Jovens é dirigido e produzido por Antonio Carlos da Fontoura (Gatão de Meia
Idade) e o roteiro é assinado por Marcos Bernstein (Chico Xavier, Central do
Brasil e Zuzu Angel).
Como
em todas as cenas musicais do filme, a captação de som do show é original. O
público poderá ver Thiago e os atores cantando e tocando no palco num registro
ao vivo, que reproduz o clima dos shows da época.
A direção musical é de Carlos Trilha, que
participou da banda de apoio da Legião e arranjou e produziu dois CDs solo de
Renato Russo, “The Stonewall Celebration Concert” e “Equilíbrio Distante”.
Foram muitos meses de preparação para que Thiago cantasse e tocasse as músicas
do longa em performances ao vivo.
Além
de aulas de canto e violão, o ator teve a oportunidade de conhecer o cantor
através dos olhos de pessoas muito próximas a ele, como a própria Trilha.
Dirigido por Antonio Carlos da Fontoura, Thiago Mendonça encarna o líder dos
legionários em desempenho que impressiona pela semelhança.
Além
do Aborto Elétrico, a formação do Capital Inicial e de outros grupos da época,
como Os Paralamas do Sucesso, será mostrada. O período de Renato como Trovador
Solitário, época das criações de "Eduardo e Mônica" e "Faroeste
caboclo", também devem aparecer.
Para
quem viveu ou quer conhecer um pouco mais sobre o Rock dos anos 80 "Somos Tão
Jovens" é ideal, despretensioso nos leva a uma época que infelizmente
já passou e não foi um tempo perdido.